Esta matéria é continuação da publicada na semana anterior , aqui neste blog, sobre:
Droga
psiquiátrica é veneno para crianças...
Estamos
nos tornando uma nação de psicóticos? A questão que tem inflamado debates nos
EUA, por conta do aumento no uso de drogas antipsicóticas, chegou ao Brasil.
Essa classe terapêutica já é uma das mais comuns entre as de venda controlada
por aqui.
Dados
de um recente boletim divulgado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) mostram que a maior parte (44%) dos 143 tipos de medicamento
controlado à venda no país servem para tratar transtornos mentais e comportamentais.
Os
antipsicóticos, indicados principalmente para esquizofrenias e transtornos
bipolar e maníaco-depressivo, respondem por 16,1% do total. Os antidepressivos
vêm em seguida, com 15,4%.
A
Anvisa não sabe informar quantas unidades de cada produto foram vendidas nem a
frequência do consumo. O
mercado de antipsicóticos movimentou R$ 306,8 milhões nos últimos 12 meses,
segundo a IMS Health, consultoria especializada na indústria farmacêutica.
Especialistas
dizem observar um crescimento na indicação de antipsicóticos na infância, na
adolescência e na velhice, seguindo a tendência norte-americana.
Segundo
estudo da Universidade Columbia (EUA), as receitas de antipsicóticos para
crianças de dois a sete anos, para tratar doenças como transtorno bipolar, dobraram
de 2000 a 2007. Estima-se que 500 mil crianças nos EUA usem essas drogas.
O
psiquiatra Theodor Lowenkron, da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, reconhece
que o uso dos antipsicóticos tem provocado controvérsia, mas defende que os medicamentos,
quando bem indicados, podem ser usados na infância, na adolescência e na
velhice. "Tem que haver transtorno mental com sintomas psicóticos. E a
indicação nesses casos deve ser feita com muita cautela, com doses menores
comparadas às dos adultos."
A
pediatra Ana Maria Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de
São Paulo, conta que é cada vez mais frequente a indicação de remédios para
crianças, mesmo quando não há um distúrbio psiquiátrico. "Atendi um menino
que já estava tomando remédio para deficit de atenção, mas o que ele tinha era
um problema auditivo. Não aprendia porque não ouvia."
Embora
a prescrição de antipsicóticos não tenha sido aprovada para idosos com demência
ou psicose relacionada com demência, o uso desses medicamentos tem aumentado
entre os mais velhos, especialmente aqueles internados em asilos.
Segundo
a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Unifesp, a indicação de antipsicóticos
para tratar demências tem várias restrições em razão dos efeitos adversos.
"Eles podem causar muitos danos aos idosos, como a redução da pressão
arterial, que pode levar a quedas."
Vários
estudos sugerem que os antipsicóticos aumentam o risco de diabetes, derrame,
pneumonia e morte em idosos com demência.
Na
opinião de Marques, são três as explicações para o aumento na prescrição de
antipsicóticos: a busca por resoluções rápidas para conflitos, a preferência
dos psiquiatras por indicar remédios a investir em terapias mais demoradas e o
assédio da indústria farmacêutica nessa área.
"A
indústria farmacêutica pode estimular o uso excessivo ou desnecessário dessas
drogas, mas os órgãos reguladores devem coibir isso", diz Theodor
Lowenkron.
Para
psicólogo, remédio psiquiátrico ajuda crianças hiperativas
Embora
haja casos de "excesso de diagnóstico" de hiperatividade em crianças,
não se pode negar que, muitas vezes, o medicamento é um componente importante
para melhorar a situação de quem tem a doença.
É
o que defende Thiago Rivero, secretário da Sociedade Brasileira de
Neuropsicologia e pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "É
verdade que, sozinho, o medicamento melhora o desempenho acadêmico dos meninos
por apenas um ano. Depois, os efeitos desaparecem. Mas ele cria o ambiente
neuronal que possibilita a melhora", afirma Rivero.
Para
o pesquisador, o consenso na área é que o tratamento para crianças com
distúrbio de atenção deve ser "multimodal", combinando a medicação
com estratégias comportamentais, que ajudem as crianças a entender seu próprio
estado mental.
"Tudo
é uma questão de frequência e de intensidade. Nos pacientes em que o problema é
muito intenso e muito frequente, os sintomas só poderão diminuir com o
tratamento farmacêutico", afirma o pesquisador da Unifesp.
Eu, autora deste blog e como psicóloga não sou
contra os medicamentos e sei dos benefícios e da necessidade que eles trazem
quando aplicados em momentos certos a casos indicados. Um ser não é uma maquina
que troca uma peça e volta a funcionar, somos complexos. Gosto de trabalhar com
vários profissionais, além do psiquiatra, quando é o caso, busco orientar os
responsáveis pelo paciente para irem a fonoaudiólogo,
oftalmologista, nutricionista, neurologista, entre outros profissionais. Um
remédio aplicado na hora certa traz diversos benefícios, mas o contrário poderá
acarretar problemas gravíssimos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário