Tem bebê no cinema! Mães com bebês são bem-vindas no Cine Materna
Atualizado: 22/09/2011 23:41
Tatiana Poletti encarou a sessão com Alicia de apenas seis meses
Tatiana Babadobulos
Foi em um grupo de discussão pela internet que uma mãe apaixonada por cinema disse sentir falta de ver um filme após o nascimento de seu primeiro filho. Então, o grupo organizou-se e mães com seus bebês “invadiram” um cinema para a primeira sessão batizada de Cine Materna, em 2008. A partir daí, sessões de cinema destinada a mães e seus bebês se espalharam pelo país. E, nessas sessões, que geralmente ocorrem no meio da tarde, “pessoas comuns” são bem-vindas, mas não têm o direito de reclamar do chororô.
A repórter da Folha de Alphaville não possui filhos, mas encarou uma dessas sessões realizadas no Espaço Unibanco, em São Paulo. Na terça-feira, 27, às 14h, é a vez de a Cinépolis do Iguatemi Alphaville começar a oferecer o Cine Materna. O filme previsto é “Larry Crowne – O Amor Está de Volta”. Para esta primeira sessão na sala VIP, apenas as mães previamente cadastradas no site www.cinematerna.org.br poderão participar gratuitamente. Segundo a organização, as sessões acontecerão uma vez ao mês na Cinépolis, e uma vez na Cinemark do Shopping Tamboré.
O filme da semana passada foi o argentino “Um Conto Chinês”, mas o foco da sessão para a repórter não era o longa-metragem com Ricardo Darín no papel principal, mas sim o contexto envolvido e a preparação para receber os pequenos. A escolha dos filmes é feita através de enquetes no site e excluem aqueles que possuem excesso de sexo, violência ou suspense.
As salas são equipadas para acolher os bebês: o som é reduzido, há dois trocadores na sala (incluindo os apetrechos necessários, como fralda, creme para assaduras, lenço umedecido etc.), ar condicionado mais suave (praticamente desligado), ambiente parcialmente iluminado, e há ainda um tapete no chão para as mães com filhos que já engatinham, por exemplo, ainda que o local seja perto demais da tela.
Mesmo que os pequenos estejam liberados para chorar um pouquinho dentro da sala, existe uma etiqueta a ser seguida pelas mães, como: se o bebê, após mamar, continuar chorando, a mãe deve sair da sala para tomar um ar e voltar quando o bebê se acalmar; o celular deve estar desligado e deve-se evitar falar durante a projeção; é bom levar brinquedo sem luz e sem som; foto de recordação pode ser tirada desde que sem flash durante a sessão.
Ao final, as mães se encontram em um café (no Center 3, no caso do Espaço Unibanco) para trocar experiências.
Durante o filme, pode-se dizer que não há estresse com relação ao barulho, já que a pessoa que se dirige a esta sessão já vai preparada. No entanto, é comum ver mães em pé nos corredores laterais com o bebê no colo.
Acompanhar o Cine Materna é praticamente uma experiência antropológica, e filho, sinceramente, não é desculpa para deixar de ir ao cinema.
Experiência das mães
Experiência das mães
A advogada Tatiana Poletti, 32, esteve pela primeira vez em uma sessão do Cine Materna com a filha Alicia, de seis meses. Isso porque ela atualmente mora na China. “Foi bacana a experiência para sentir que a vida social pode continuar mesmo após a maternidade. Sem contar que vira história para dividir com a família e com a própria bebê quando ela crescer.” Durante a sessão, Alicia dormiu bastante e só quando acordou mamou um pouco e depois precisou ser trocada. Quanto a isso, Tatiana conta que a monitora até avisou que não precisava levar nem a fralda, além de ajudar com uma lanterna.
A jornalista Juliana Cristina Parollo, 34, começou a frequentar as sessões quando a filha, Maria Luiza, de quatro meses e meio, completou três. “Uma amiga contou sobre essas sessões e logo me empolguei, pois sempre fui cinéfila e desde o começo da gravidez não pude ir ao cinema”, conta. Sobre as experiências, Juliana explica que foi interessante ver outras mulheres que deviam estar na mesma situação que a sua. “Muita gente passa a fazer só programa de bebê depois que o pequeno nasce e não precisa ser sempre assim”, aponta.
Juliana conta ainda que, na primeira vez, sua filha Malu chegou com fome e precisou ser amamentada duas vezes e quase nem assistiu ao filme. Da vez seguinte, ela dormiu a sessão inteira, já que mamou antes de sair de casa. Sobre o programa, ela diz que o que mais curtiu foi fazer o que adora (ir ao cinema) ao lado da filha e com toda estrutura. “E o melhor: nessas sessões, não há constrangimentos no caso de a bebê chorar.”
Para as outras mães, Tatiana Poletti diz “que vale a pena experimentar, ainda mais que ao final de cada sessão sempre há um encontro entre as mamães para um bate papo e um cafezinho”.
Juliana afirma que para as mães que curtem um bom cinema, que aproveitem para dar uma fugida de casa. “É bom a criança se acostumar com coisa boa desde cedo. E quando ela já tiver um ano, começa a notar que ela e a mamãe podem se divertir com as mesmas atividades culturais, como assistir a um bom filme”, conclui.
Folha de Alphaville
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