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Barueri, São Paulo, Brazil
Sou psicóloga e atendo no Centro Comercial de Alphaville - SP e pelo site da psicolink. Sou voluntária no projeto CineMaterna. Mais informaçoes clicar em "Contato".

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Droga psiquiátrica é veneno para crianças, diz médica

CLÁUDIA COLLUCCI
DE WASHINGTON
A médica americana Márcia Angell, 72, ex-editora da revista especializada "NEJM" e autora do livro "A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos"

Primeira mulher a ocupar o cargo de editora-chefe no bicentenário "New England Journal of Medicine", a médica Márcia Angell já foi considerada pela revista "Time" uma das 25 personalidades mais influentes nos EUA.
Desde 2004, Angell, 72, é conhecida como a mulher que tirou o sossego da indústria farmacêutica e de muitos médicos e pesquisadores que trabalham na área.
Naquele ano, ela publicou a explosiva obra "A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos", que desnuda o mercado de medicamentos.
Usando da experiência de duas décadas de trabalho no "NEJM", ela conta, por exemplo, como os laboratórios se afastaram de sua missão original de descobrir e fabricar remédios úteis para se transformar em gigantescas máquinas de marketing.
Professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Harvard, Angell é autora de vários artigos e livros que questionam a ética na prática e na pesquisa clínica. Tornou-se também uma crítica ferrenha do sistema de saúde americano.
Tem se dedicado a escrever artigos alertando sobre o excesso de prescrição de drogas antipsicóticas, especialmente entre crianças. "Estamos dando veneno para as pessoas mais vulneráveis da sociedade", diz ela.
Mãe de duas filhas e avó de gêmeos de oito meses, ela diz que recebe muitos convites para vir ao Brasil, mas se vê obrigada a recusá-los. "Não suporto a ideia de passar horas e horas dentro de um avião."

 A seguir, trechos da entrevista exclusiva que ela concedeu à Folha.
Folha - Houve alguma mudança no cenário dos conflitos de interesses entre médicos e indústria farmacêutica desde a publicação do seu livro?
Márcia Angell- Não. Os fatos continuam os mesmos. Talvez as pessoas estejam mais atentas. Há mais discussão, reportagens, livros, artigos acadêmicos sobre esses conflitos, então eles parecem estar mais sutis do que eram no passado. Mas é claro que as companhias farmacêuticas sempre encontram uma forma de manter o lucro.
Folha - E os pacientes? Algumas pesquisas mostram que eles parecem não se importar muito com essas questões.
Márcia Angell - Em geral, os pacientes confiam cegamente nos seus médicos. Eles não querem ver esses problemas. Além disso, as pessoas sempre acreditam que os medicamentos sejam muito mais eficazes do que eles realmente são. Até porque somente estudos positivos são projetados e publicados. A mídia, os pacientes e mesmo muitos médicos acreditam no que esses estudos publicam. As pessoas crêem que as drogas sejam mágicas. Para todas as doenças, para toda infelicidade, existe uma droga. A pessoa vai ao médico e o médico diz: "Você precisa perder peso, fazer mais exercícios". E a pessoa diz: "Eu prefiro o remédio". E os médicos andam tão ocupados, as consultas são tão rápidas, que ele faz a prescrição. Os pacientes acham o médico sério, confiável, quando ele faz isso. Pacientes têm de ser educados para o fato de que não existem soluções mágicas para os seus problemas. Drogas têm efeitos colaterais que, muitas vezes, são piores do que o problema de base.
Folha - A senhora. tem escrito artigos sobre o excesso de prescrições na área da psiquiatria. Essa seria hoje uma das especialidades médicas mais conflituosas?
Márcia Angell - Penso que sim. Há hoje um evidente abuso na prescrição de drogas psiquiátricas, especialmente para crianças. Crianças que têm problemas de comportamento ou problemas familiares vão até o médico e saem de lá com diagnóstico de transtorno bipolar, ou TDAH [transtorno de déficit de atenção e hiperatividade]. E é claro que tem o dedo da indústria estimulando os médicos a fazer mais e mais diagnósticos. Às vezes, a criança chega a usar quatro, seis drogas diferentes porque uma dá muitos efeitos colaterais, a outra não reduz os sintomas e outras as deixam ainda mais doentes. Drogas antipsicóticas estão claramente associadas ao diabetes e à síndrome metabólica. Estamos dando veneno para as pessoas mais vulneráveis da sociedade. Pessoas que acham que isso não é assim tão terrível sempre argumentam comigo que essas crianças, em geral, chegaram a um estado tão ruim que algo precisa ser feito. Mas isso não é argumento.
Folha - Hoje, fala-se muito em medicina personalizada. Na oncologia, há uma aposta de que drogas desenvolvidas para grupos específicos de pacientes serão uma arma eficaz no combate ao câncer. A senhora acredita nessa possibilidade?
Márcia Angell - Para mim, isso é só propaganda. Não faz o menor sentido uma companhia farmacêutica desenvolver uma droga para um pequeno número de pessoas. E que sistema de saúde aguentaria pagar preços tão altos?
Folha - Algumas escolas de medicina nos EUA começaram a cortar subsídios da indústria farmacêutica e de equipamentos na educação médica continuada. No Brasil, essa dependência é ainda muito forte. É preciso eliminar por completo esse vínculo ou há uma chance de conciliar esses interesses?
Márcia Angell - Deve ser completamente eliminado. Professores pagam para fazer cursos de educação continuada, advogados fazem o mesmo, por que os médicos não podem? A diferença é que você não precisa ir a um resort no Havaí para ter educação médica continuada. É preciso pensar em modelos de capacitação mais modestos. E, com a internet, todos os países, mesmo os pobres ou em desenvolvimento, podem fazer isso. A educação médica não pode ser financiada por quem tem interesse comercial no conteúdo dessa educação.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CineMaterna em Alphaville - nova sessão

A estréia do CineMaterna no Shopping Iguatemi foi um sucesso, vejam a reportagem que saiu na Revista Caras de 21 de outubro:


E amanhã já teremos nova sessão, espero encontrar vocês lá:

Sessões Confirmadas

25/10/2011 - 14h00

Eu Queria Ter a Sua Vida - Cinépolis Iguatemi Alphaville


Eu Queria Ter a Sua Vida

  • A esposa de um responsável pai de família tem sua personalidade trocada com a do melhor amigo de seu marido, um homem preguiçoso que age como uma criança.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Comer Terra ou Tijolo - Síndrome do PICA.

Aparentemente a geofagia - o ato de comer terra, já existe há séculos, com relatos datados de 1800 a.C. na Suméria, no Egito e na China. Há 2.000 anos, existiam “cápsulas de saúde” feitas de terra, que eram vendidas nos mercados gregos e que supostamente teriam propriedades medicinais. Mas que propriedades seriam essas?
Existem duas hipóteses que tentam explicar a ingestão de terra. Uma delas sugere que ela seria uma fonte multivitamínica, contendo diversos sais minerais incluindo cálcio, ferro e zinco. Essa ideia recebeu apoio após a constatação de que o tipo de terra consumido em diversas regiões onde a geofagia é comum possui minerais suficientes para suplementar uma eventual dieta não-balanceada.
No entanto, dados sobre a quantidade de minérios nas amostras de terra não levam em consideração o que se passa no bolo alimentar, dentro do organismo. Ao contrário, quando a terra se mistura a sucos gástricos intestinais, em condições que simulam o ambiente do estômago, os sais minerais não são eliminados, mas se mantêm ligados à terra, que inclusive atrai minerais do meio.
Como consequência, os níveis de sais no organismo acabam ficando menores ainda. Aparentemente, nós não conseguimos assimilar nutrientes da terra da mesma forma que as plantas fazem. Péssima noticia para a hipótese nutricionista.
Se isso for verdade, é possível que ingerir terra cause má nutrição e não auxilie na dieta. Em apoio a essa ideia, existe um experimento feito com uma população iraniana que consome terra diariamente e que tem a maturação sexual retardada. Ao incluir zinco na dieta, os indivíduos conseguiram atingir a maturação sexual e perderam o desejo de consumir terra. Aparentemente, o desejo bizarro pode ter sido originado pela deficiência de zinco, que também afeta o paladar. Sem o paladar, o consumo de terra passa a ser mais agradável, e a deficiência de zinco tende a aumentar, fechando o ciclo. Estranho, mas plausível. Mas experimentos semelhantes com crianças anémicas e geofágicas da Zâmbia não deram o mesmo resultado. Mesmo com o aumento de zinco na dieta, essas não largaram mão de comer terra, enfraquecendo a proposta anterior.
Outros estudos apontam para uma função desetoxicante. A terra funcionaria como um imã, que atrairia resíduos tóxicos no intestino, resultantes da nossa alimentação. Isso poderia explicar porque o desejo de comer terra é mais frequente em pacientes em hemodiálise, crianças e mulheres grávidas, grupos mais suscetíveis a toxinas. Talvez isso explique também porque alguns remédios usados para tratamento de casos de contaminação por comida estragada contenham ingredientes similares à argila em sua composição.
Mesmo com todos esses estudos, ainda não existe uma explicação satisfatória para o fato de comermos terra. Esse é o tipo de questão biológica que parece bem simples, mas na verdade é extremamente complexa, pois envolve diferentes áreas do conhecimento, como a bioquímica, geologia, epidemiologia e sociologia.
Enquanto não encontramos uma resposta cientificamente satisfatória, vale identificar o significado que tem para cada um e o que causa a vontade de comer, como está o momento do ser, o que dispara essa vontade. Um bom tratamento psicoterapeutico poderá ajudar a se conhecer melhor e identificar esses momentos que muitas vezes podem trazer confusão ao sentir. Lembrando que a sindrome do PICA - desejo de comer substâncias não nutritivas,  não há concordância a respeito de sua etiologia, no entanto admite-se a influência de fatores sociais, culturais, psicológicos, biológicos e comportamentais.